sábado, 18 de julho de 2015
"Estória" Apaixonadamente Ardente
Olá a todos! Peço desculpa desta pequena ausência, mas á escrita me tenho dedicado igualmente, embora noutro âmbito.
Por muito que a vida nos dê a possibilidade de viver o socialmente aceite, o socialmente correcto, é nos desvios do chamamento da alma que estão as melhores "estórias".
Hoje, ao ler Helena Sacadura Cabral, "Erros meus, má fortuna, amor sempre?", dei por mim a vaguear nesses momentos que vivi, nesses momentos que me confidenciaram, nesses momentos que assisti....E, digamos que, partilho convosco hoje uma "estória" dessas, sem referênciar os protagonistas com os nomes reais, sem pronunciar nenhuma particularidade que comprometa, a confidência/vivência, acima de tudo, a privacidade. Os autores irão reconhecer-se. Assim seria bom sinal.
Porque partilho? Porque a todos nos sabe a vida, o que escapa ao controlo do destino como se este já estivera controlado.
Chamemos-lhe Maria, quem começa agora, na primeira pessoa a recontar esta apaixonante "estória" de paixão! Chamemos-lhe David, o apaixonante ser que se cruza com Maria. Sim, paixão...O amor é outra coisa ...
Maria:
"Tinha os meus 18 anos, primavera, era uma noite igual a tantas outras quando conheci o David. Nessa noite confesso que tinha uma estranha sede de viver. E por isso, tentei não fugir do fio condutor normal do que faria. Fui até ao bar perto de casa onde encontrava todos os amigos, e, quem sabe, numa das longas conversas que partilhávamos todos, não iria surgir uma que interessava mais que o normal, e me iria surgir VIDA.
E lá estava eu, sentada, rodeada de amigos numa banal noite de Karaoke. Quando um deles, ausente até então, (chamemos-lhe Pedro), entra no bar com a sua habitual boa disposição espontânea, e contagiante. Confesso que fiquei contente porque uma coisa eu já tinha garantida, ia rir até ter dores abdominais.
Pedro não vinha sozinho. Apresenta ao geral o David! Confesso que me passou completamente ao lado, apesar de toda a sua presença me intrigar, de não conseguir tentar descortinar que David era este que me olhava e cortava a alma de uma ponta á outra, que era detentor de um sorriso malandro, cuja tez morena de uma pele brilhante se confundia com os olhos cor de avelã numa carinha de puto reguila, mas uma atitude de homem confiante e intrigante.
Pensei que os copos a mais que eu já tivera bebido, me pudessem estar a atirar para uma atracção sem fundamento, por isso, ao lado ficou todo este pensamento.
Brinquei, socializei no fundo, e tinha a certeza, que a cada passo que dava, cada intervenção que fazia, me sentia sedutora, e pior, a seduzir David, que deixara de ter olhos para tudo. Só estavam postos em mim, e estranhamente, eu não me sentia nada constrangida, só conseguia agir com naturalidade.
Entre uma cantoria e outra, entre um copo e dois, o Pedro decidiu que deveriamos terminar a noite na praia, todos, ver o amanhecer e quem sabe adormecer por lá.
Mas, nem todos acederam á vontade! Apenas eu e mais um amigo. E assim partimos os quatro. O Pedro, um amigo, eu e claro, o David.
Não havia forma nenhuma no mundo, de evitar que eu entrasse naquele carro, naquela noite, porque o destino estava a fazer uma força monstruosa.
Não andámos nem 1km de carro já o David me segurava a mão, acariciando-a com movimentos curvos e suaves. Eu tentava retirar a mão para mexer no cabelo, para coçar a perna, mas sem sucesso, mal não tinha onde inventar colocar a minha mão, ela voltava para a mão do David.
Estacionámos uma hora depois á beira da praia, o sol já me cumprimentava embora envergonhado. O mar estava calmo, e em minutos o Pedro e o nosso amigo adormeceram de tamanho cansasso.
Fiquei eu, o sol envergonhado, o mar calmo, e, o David.
Perguntei-lhe carinhosamente se podia deitar a cabeça no colo dele e adormecer ao qual ele respondeu prontamente que sim.
Deitei-me, fechei os meus olhos, e segundos depois, um calor enorme se impunha sobre mim, ao que pensei ser o sol a bater no carro.
Não! O David baixou a sua cabeça, eu abri os olhos, ele fixou os dele nos meus, e roubou-me um beijo tão envolvente que me parecia não ter fim, como se eu estivesse embrulhada nas ondas daquele mar calmo que, no fundo, estaria tumultuoso.
Acordei de imediato o Pedro e pedi para ser levada a casa. Durante o caminho não conseguia olhar para o David. Não deveria ter consentido aquele beijo. Sentia-me a ficar encurralada.
A noite ficou por aqui. E eu, eu deixei de lado aquele beijo, tendo convicto em mim que nem nos voltariamos a encontrar quando, na manhã seguinte o meu telefone se enchia de mensagens elogiantes, á noite, David aparece novamente no local que eu frequento, e, sem trocarmos uma única palavra, eu sabia que estava sentenciada aquela paixão, que negava convictamente.
Lembro-me das palavras do David "Tu estás rendida, tu é que ainda não descobris-te".
E eu, eu rendi-me! Com ele vivi fora da realidade por cada momento que estava com ele.
O Sexo? Esse era tão fora do que as nossas aparências aparentavam que conseguimos partir um estrato de uma cama.
Um dia, e sem qualquer explicação, volvidas três semanas do primeiro encontro, o David enviou-me uma mensagem que dizia "Não posso continuar ao pé de ti! Fazes-me sentir coisas que depois sou obrigado a ter que as sentir, e não as quero sentir! Desculpa se te magoei, mas adoro-te! E, nunca te esqueças para o resto da tua vida. Adoro te sempre e para sempre!"
O David, desapareceu após esta mensagem! Nunca mais consegui contactar com ele. Nem através do Pedro que me alertou para não o procurar, porque nunca o iria conseguir entender.
E, a verdade, é que nunca consegui!
Dois anos da minha vida se passaram, tinha já 20 anos, quando um dia, sem esperar, o David, estava no café onde eu me tinha dirigido, para ir ao encontro de varios amigos, incluindo o Pedro.
O meu coração disparou de tal forma, um misto de ódio, raiva, incapacidade, revolta, que, parti o copo de licor beirão que tinha na mão. Partiu na minha mão e eu não me cortei.
David aproxima-se. e eu numa fracção de segundos não sabia se lhe partia o resto do copo na cabeça, se saltava para os braços dele de saudade enquanto lhe batia questionando o porquê!
Nem uma coisa, nem outra. Agi de forma fria, distante, e desprezivel perante o cumprimento dele; "Maria, que prazer em ver-te, o que é que eu perdi, estás linda e fascinante como sempre"! Ao qual respondi: "E tu. Igual. Utópico, Se desapareceres novamente é um favor que me fazes".
Que havia eu de dizer! Já deveria saber que o David, perante estas palavras, e perante esta atitude, só iria procurar mais por mim, pela minha alma e essência que ele adorava sugar.
E assim foi! Nesta altura eu tinha descoberto, pela primeira vez, o amor! E estava a vivê-lo de forma intensa. Apesar de não estar num compromisso!
E ali estava eu! Dividida ente o amor e a paixão! Sim, eu aqui já tinha assumido que era loucamente apaixonada pelo David.
Que ele exercia em mim uma magnitude. Que sentia por ele ao mesmo tempo todos os extremos sentimentos.
Mantivemos pouco contacto a partir do momento em que descubro que David assumiu uma relação, e então ai, deixei de o contactar. Mas ele não deixou de pairar no meu pensamento. Como a pessoa que mais viva me fez sentir. Pelo desafio talvez, e por ter a certeza que a nossa história nunca teria um fim.
Passam três anos! Estou com 23 anos agora, a bater á porta dos 25 quando David me procura via e-mail novamente. Estava eu numa relação estável, e quase a juntar as escovas de dentes.
O contacto do David colocou tudo em causa. Questões mil bateram a porta, e durante um ano, mantive o contacto com o David, nas mais profundas conversas intelectuais, nas quais ele questionava e fazia-me sempre questionar o meu relacionamento.
Havia algo a favor da minha saniedade mental, O David estava na Inglaterra.
O que ele nunca saberá, é que uma amiga pegou em mim, me levou a uma agência de viagens e me disse: "Vai Maria!! Descobre de uma vez, o que o David é para ti. Não coloques tudo em questão sem procurares uma resposta."
Tive tudo marcado, e desisti. Desisti porque tive medo! Porque me senti a faltar ao respeito ao meu compromisso!
Mas, eu não poderia fugir para sempre, e eis que o meu telefone toca, passados cinco meses do cancelamento da minha viagem, e era o David! Estava em Portugal, por tempo indeterminado e convida-me a passar a noite com ele. Uma ida á praia, um café, muita conversa, era a promessa.
Aceitei sem pestanejar, e assim que desliguei a chamada, olhei pela janela, e naquela tarde de Novembro, onde a chuva imperava, esta foi-se e deu lugar a um esplendoroso pôr do sol morno. No entanto, eu não parava de tremer.
Eu não ia conseguir simplesmente falar com David sem lhe tocar, sem que me deixasse envolver, sem que me sentisse absolutamente livre! Ele era o homem que me via como amiga, mas também como mulher.
Terminei o meu compromisso, dando exatamente esta explicação, á um ano que queria ser livre.
E lá fui eu...nas asas daquilo que se chama paixão e que eu lhe chamei liberdade! Sem que pela primeira vez, esperasse mais do David, do que aquilo que ele já me habituara a dar.
Uma ligação sem nos... Liberdade apenas.
Corremos a areia da praia, abraçei-o com força, ri descontroladamente, até que, ao meter-mo no carro ele me levou para 200km de distância, uma casa sua que jamais visitara.
Pelo caminho paramos numa estação de serviço, quando me voltei do balcão esbarrei em alguém, no David. Que supostamente teria ido ao WC, mas, como se o destino quisesse deixar bem sublinhado, ele estava sempre, como uma sombra quando eu menos esperasse.
E assim foi até ao entrar na casa, vasculhar os recantos, deparei-me sozinha no meio da sala...
Chamei baixinho e em tom de riso por ele, pois já esperava ser surpreendida.
O David agarrou-me pela anca por trás, virou-me com força para ele, empurrou-me contra a parede da sala, fixou o olhar e o sorriso que eu conhecera fazia 7 anos, e beijou-me como se aquele beijo tivesse esperado 100 anos para ser dado.
Pegou em mim ao colo e sem parar de me beijar levou-me até ao quarto onde nos entregámos á liberdade de sentidos, á liberdade corporal de expressão. e acima de tudo ao apelo extremo dos sentidos
Fomos felizes! Fui feliz! E realizei naquele momento, que tinha tomado a atitude acertada.
Queria ser livre. Não com o David! mas sim, com a sensação apaixonante que estar com ele me fazia sentir!
Não mais voltámos a estar sem estar como amigos, apesar de toda a tensão que se faz sentir por cada vez que nos cruzamos.
O que já não acontece á três anos...
Foi a paixão mais ardente e sobrevivente que podia viver, foi um laço que criei para a vida e me devolveu exatamente isso, vida.
A entrega á paixão deveria ser sempre uma questão de abandonar a razão em prol do coração, que por vezes também ele necessita de umas "drogas" estranhas, que nos façam sentir!
Afinal, só assim temos "estórias" que valham a pena! Almas que dividam a alma connosco e que nos levem para além daquilo que aparenta ser óbvio!
Até breve!
C.Baleia
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